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Archive for Fevereiro, 2011

Opine: Monteiro Lobato é racista?

O Carnaval de rua de 2011 não será lembrado apenas pela multiplicação do número de blocos de rua que agora invadem as ruas uma semana antes da data oficial de abertura da festa. Este ano, a fina ironia do escritor e cartunista Ziraldo – que desenhou Monteiro Lobato abraçado a uma mulata como ilustração para a camiseta do bloco “Que Merda é Essa” – provocou a ira do movimento negro. A intenção de Ziraldo foi justamente satirizar o parecer do Conselho Nacional de Educação que, no ano passado, queria proibir a distribuição, nas escolas, do livro “As Caçadas de Pedrinho”, de Monteiro Lobato, por considerar que seu conteúdo é racista.

Lançada a polêmica. Apesar de o parecer ter sido rejeitado pelo ministro da Educação, apesar de intelectuais já terem se juntado ao bloco dos defensores de Lobato como um autor de clássicos da literatura dentro de outro contexto histórico, apesar de gaiatos já estarem tentando provocar ainda mais o movimento negro com a lembrança de letras de marchas populares como “O teu Cabelo não Nega Mulata” ou “Samba do Crioulo Doido”, apesar da grita contra qualquer tipo de censura no Carnaval, está lançada a polêmica.

Opine! Você acha que o desenho de Ziraldo é racista? Você acha que Monteiro Lobato é racista?

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Publico, abaixo, artigo do geográfo Jorge Borges, assessor do nosso mandato, que vem acompanhando de perto o processo de remoção em Vila Harmonia e faz uma oportuna análise da situação.

“Na última sexta-feira, funcionários da prefeitura conseguiram chegar ao último foco de resistência dentro da Vila Harmonia. Entraram no terreno da Dona Sueli, onde moram cerca de 10 famílias – todas descendentes diretas de sua avó, que já reside na região há muitas e muitas décadas. Trata-se de uma grande vitória sobre a resistência popular. Por que esse fato é tão simbólico e significativo?

Todas as comunidades do Recreio dos Bandeirantes, que estão sendo atacadas nos últimos meses, são vitimadas sob o argumento da necessidade da obra do corredor Transoeste, que nada mais é do que a duplicação da Avenida das Américas com a instalação de uma via segregada para ônibus expressos. Entretanto, a área da Vila Harmonia, além de não ser necessária para a referida obra, era a que melhores condições reunia para um processo definitivo de regularização fundiária e urbanística, que poderia se tornar exemplo e contribuir, fundamentalmente, para desconstruir o discurso imperioso de que não há lugar ali para as comunidades.

Não bastassem esses dados, vale ressaltar que a obra da Transoeste é uma das que mais possui indícios de irregularidades, desde o seu processo licitatório até o início da instalação dos canteiros de obras, passando pelo processo de licenciamento ambiental, junto ao Inea (Instituto Estadual do Ambiente). Está tudo suficientemente documentado e pronto para se transformar em peça judicial, matéria jornalística ou qualquer outra forma de denúncia.

Na Vila Harmonia, ainda residem famílias descendentes diretas dos primeiros moradores fixos do bairro que, como nos ensina a própria toponímia, foi, durante séculos, passagem para as caravanas que subiriam as serras gerais em busca das riquezas da eterna colônia brasiliana. Desde o início do século XX, essas famílias vivem e sobrevivem por ali e esse fato é amplamente conhecido dos administradores públicos. Eles sabem que todas essas informações, reunidas e apuradas, podem levar a embaraços e atrasos em seus planos perante os compromissos internacionais assumidos pela municipalidade em relação aos preparativos para a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas 2016, além dos interesses da incorporação imobiliária.

Infelizmente, os movimentos sociais mais organizados, as forças populares do Rio de Janeiro não perceberam isso a tempo. Em suas desorientadas e fragmentadas ações, não constituiram, por exemplo, uma rede suficientemente potente para apoiar aquelas comunidades e impor a devida pressão aos órgãos públicos competentes, tal como ocorreu na comunidade Canal do Anil em 2007.

Com a queda da Vila Harmonia (e também da Restinga, Notre Dame e Vila Recreio II), verifica-se uma saturação da capacidade de ação dos defensores públicos do Núcleo de Terras e Habitação. São apenas seis defensores para apoiar juridicamente centenas de comunidades, dezenas delas ameaçadas pela prefeitura, com requintes de crueldade. Além disso, é patente uma certa letargia das organizações comunitárias para unirem-se em torno de um projeto comum que se contraponha aos planos da prefeitura para os próximos vinte anos. Essa dispersão deixa margem para negociações parciais, individualismos, falta de solidariedade e, finalmente, um desfecho como este que assistimos agora.

Há que se registrar, também, a ainda descoordenada atuação dos poucos parlamentares envolvidos diretamente no apoio às resistências populares e nas denúncias contra as arbitrariedades. Não é possível entender, por exemplo, como não se estruturou, até agora, frentes parlamentares e comissões sérias, nos três níveis, para congregar e atuar de forma mais incisiva na apuração e encaminhamento de denúncias sobre os crimes cometidos pelos representantes da prefeitura. Espaços como esses, dentro do parlamento, poderiam funcionar também como núcleos de pressão política direta sobre o próprio Judiciário e o Ministério Público.

O momento atual é de uma reavaliação profunda das táticas e estratégias adotadas pela resistência até agora. Os esforços para saber “o que vem por aí” são importantes, mas menos urgentes do que fazermos um grande inventário de potencial político e jurídico que ainda nos resta para organizar nossa atuação e, se possível, uma grande ofensiva.”

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Eliomar Coelho e Marcelo Freixo na manifestação contra a CSA

Cerca de 150 pessoas participaram da manifestação contra a ThyssenKrupp Companhia Sidrúrgica do Atlântico (TKCSA), em frente a Secretaria Estadual de Ambiente, liderada por moradores de Santa Cruz e pescadores da Baía de Sepetiba. Eles querem impedir a licença permanente da companhia cuja atividade vem provocando poluição ambiental que afeta diretamente quem mora na região. Alunos da Fiocruz participaram do ato.

Morador de Santa Cruz há 24 anos, Jaci do Nascimento é uma das vítimas da operação da CSA. “Não dá mais para morar lá. Até para se alimentar está ruim. É febre dia sim, dia não”, afirmou.

Outro morador antigo, Clécio dos Santos, também se queixava da situação. “Nós chegamos na UPA de Santa Cruz com problemas de pele e respiração e lá eles avisam que não podem dar laudos para saber qual é motivo do problema.”

Morador mostra pó que a CSA espalha

Na manifestação, não foram poucos os relatos sobre o pó que a Companhia Siderúrgica do Atlântico espalha sobre o bairro da região oeste.

“A multa aplicada pelo estado é nada perto do que eles ganham com a isenção fiscal que obtiveram”, afirmou Eliomar Coelho.

Segundo o parlamentar do PSOL , a aliança que existe hoje no estado é muito poderosa e de muito interesse econômico. “Nós temos que nos juntar e brigar contra a CSA e temos também que nos unir contra as remoções”, completou.

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Rio Antigo, toda sexta!

Imperdível a exposição “Até quarta-feira! O folião e o carnaval carioca nas coleções do IMS”, em cartaz no Instituto Moreira Sales. São 50 imagens da folia entre 1910 e 1950, clicadas por fotógrafos que registraram a vida da cidade, entre eles, Augusto Malta, Marcel Gautherot, José Medeiros, Carlos Moskovics e Peter Scheier. Fazem parte do acervo do IMS. Na primeira imagem abaixo, bloco em 1960. Foto de Marcel Gautherot. A segunda foto, de José Medeiros, mostra baile no Municipal, em 1950.
Bloco em 1960. Foto de  
Marcel Gautherot

Baile no Teatro Municipal, em 1950. Foto de José Medeiros

Para quem gosta de raridades, a mostra exibe gravações históricas, partituras famosas como a de “O teu cabelo não nega”, de Lamartine Babo, e uma coleção da revista O Cruzeiro, com edições da época. Abaixo, foto do carnaval de rua em 1960. Foto de Carlos Moskovics. A última foto mostra o grupo As Marrequinhas, da Sociedade Carnavalesca Democráticos, em 1913. Foto de Augusto Malta.

Carnaval de rua em 1950. Foto de Carlos Moskovics

As Marrequinhas, da Sociedade Carnavalesca Democráticos, em 1913. Foto de Augusto Malta

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Até os professores engrossaram o movimento dos estudantes do Colégio Pedro II, em São Cristóvão, em protesto contra o calor nas salas de aula que resultou em repressão da PM na última segunda-feira. A “sauna de aula” é compartilhada também por grande parte dos alunos da redes estadual e municipal, onde o prometido projeto Climatizar – que previa instalação de aparelhos de ar-condicionado – não chegou para muitas escolas.

Para deixar os estudantes do CPII ainda mais indignados, sabe-se que o colégio gastou R$ 105 mil na aquisição de 28 aparelhos, dos quais seis foram destinados à unidade São Cristóvão. Hoje, o colégio conta com um total de 14 ar-condicionados. Mas somente três salas de aula foram agraciadas. Na maioria, mal funcionam ventiladores velhos e barulhentos. Enquanto isso, a direção e outros setores administrativos estão bem refrigerados.

Os estudantes do Pedro II provaram que vale a pena gritar e protestar. A PM reagiu com violência. Mas a manifestação garantiu avanços. Segundo João Pedro Accioly, do grêmio estudantil e do Núcleo de Juventude do PSOL, na próxima terça-feira, haverá uma reunião com a direção da unidade. Mas já aventa-se a possibilidade de parte dos alunos ser transferida para um pavilhão climatizado, construído para abrigar a futura universidade da instituição. Uma construção, segundo João Pedro, feita sem a autorização do Cades (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Os alunos querem se mudar e ficar. Eles reivindicam o direito de permanecer neste pavilhão. Também reclamam a volta da cantina e a flexibilização das regras quanto ao uso do uniforme e quanto ao direito de sair e retornar à unidade durante o intervalo do recreio.

A mobilização por melhores condições em sala de aula já serve de aquecimento para a luta contra a mudança na regra do passe livre. Das 156 passagens mensais a que tinham direito, os alunos agora contam com apenas 60 passagens. A revolta é grande. Muitos alunos não tem condições de arcar com esta despesa. Alguns já se vêem obrigados a faltar à escola.

Uma grande manifestação marcada para o próximo dia 31 de março, no Centro do Rio, reunirá alunos das redes pública e privada e o Sindicato dos Professores em um protesto massivo contra esta medida absurda e inconstitucional. Em 2010, nosso mandato apresentou projeto de lei para restituir os 156 passes eletrônicos aos alunos da rede pública.

Esta garotada não teme cacetetes nem spray de pimenta.

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A Vila Harmonia amanheceu cercada de caminhões de mudanças e retroescavadeiras, sob o comando de funcionários da prefeitura do Rio. Após algumas semanas de reassentamentos negociados nas comunidades do Campinho e do Metrô/Mangueira, a prefeitura acionou seu lobby junto ao Tribunal de Justiça do Rio.

A Vila Harmonia é ameaçada pelo Corredor Transoeste, uma obra rodoviária de mais de 50Km de extensão que visa conectar a Barra da Tijuca até Santa Cruz, passando pelo Recreio dos Bandeirantes e Guaratiba. A obra, orçada em cerca de R$1,2 bilhão, teve seu EIA/RIMA (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) executado em 1999 e, apesar do engavetamento do projeto por mais de 10 anos, o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) concedeu nova licença de instalação em 2010, sem qualquer complementação ou análise do novo projeto básico ou do traçado extendido.

Trata-se de um flagrante crime ambiental, contra os direitos humanos e uma afronta à dignidade das famílias ali residentes.

Os representantes da subprefeitura da Barra da Tijuca chegaram, hoje, com a Guarda Municipal, ameaçando derrubar casas, mesmo aquelas onde há moradores, caso seja necessário. Eles aguardam a suspensão da liminar que vem protegendo as famílias resistentes.

Os desembargadores parecem estar se rendendo à pressão da prefeitura. Nenhum dos argumentos dos defensores públicos é ouvido; nenhuma outra possibilidade de negociação é oferecida.

A comunidade Vila Harmonia abriga famílias que residem há mais de cem anos na região do Recreio dos Bandeirantes. Chegaram lá, provavelmente, como sobreviventes de famílias escravas, ainda no início do século XX, e possuem documentação que comprova isso. Existem dois terreiros de Candomblé que foram marcados para remoção sumária, sem sequer ser oferecida qualquer indenização sobre as benfeitorias.

Urge uma rápida mobilização em apoio à Vila Harmonia. Urge uma sensibilização aos desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para que, pelo menos, o princípio da razoabilidade do processo administrativo seja respeitado.

Que esta mensagem chegue ao Ministério das Cidades e às entidades de mediação de conflitos urbanos. Que esta mensagem sensibilize o governo federal – um dos principais financiadores dos projetos tocados pela prefeitura que têm motivado esta política de remoções.

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Blocos da semana!

O Carnaval esquenta no Rio…Veja a lista de blocos em diferentes bairros da cidade.

Hoje, 24/02
Molha o Pé das 8 Rua Rodrigo Silva, Centro, 18h.

Amanhã, sexta, 25/02
Perereka Sem Dono, 16h, na Rua Henrique Novaes, Botafogo. Bloco do pessoal de Furnas.

Inova que Eu Gosto, 17h, na Rua Paissandu, Flamengo. Bloco do pessoal do Finep.

Badalo de Santa Teresa, 20h, no Largo das Neves, em Santa Teresa.

Sábado, dia 26/02
Céu na Terra, 8h, no Curvelo, em Santa Teresa.

Se Benze que dá, 8h, na Rua João de Magalhães com Rua Guilherme Maxwell. Passarela 7 da Avenida Brasil.

Só o Cume Interessa, 11h, na Praça da Praia Vermelha, Urca.

Salsero, 13h, no Praça São Salvador, Flamengo.

Deixa a língua no Varal, 12h, na Rua Barão de Mesquita, Tijuca.

Fogo na Cueca, de meio-dia até 17h, na Rua Maestro Francisco Braga, em Copacabana.

Bloco do Camelo, 14h, na praia José Bonifácio, Paquetá.

Pinto Sarado, 15h, na Rua Sara, Santo Cristo.

Ansiedade, 16h, no Mercadinho São José, Laranjeiras (bloco de frevo).

Xupa Mas Não Baba, 16h, Rua Cardoso Júnior, 420, Laranjeiras.

Simpatia É Quase Amor, 16h, na Praça General Osório, em Ipanema.

Já Comi Pior Pagando, 16h, Avenida Maracanã, esquina com a rua Leite de Abreu.

Espumas e Paêtes, 16h, na Praça General Glicério. Músicos profissionais tocam marchinhas e frevo.

Rio Pandeiro, 17h, Praça São Salvador, Flamengo.

Cutucando Atrás, 17h, na praia do Leme. Reúne, entre outros, ritmistas do Laranjada, Spanta Neném, Tambor Carioca e Carmelitas.

Ih! É Carnaval, 17h, na Avenida Pasteur, na Urca. Bloco dos estudantes da UFRJ com bateria formada por 40 ritmistas.

Aconteceu, 18h, Bar dos Gomes, rua Áurea com Monte Alegre, em Santa Teresa.

Pierrot da Madrugada dos Embaixadores da Folia, 24h, Rua do Lavradio, em frente ao CIEP, Lapa.

Domingo, 27 de fevereiro
Carvalho em Pé, 10h até 16h, na Visconde de Caravelas, Botafogo.

Suvaco do Cristo, 10h, Rua Jardim Botânico com Rua Faro, no Jardim Botânico.

Se Não Quiser me Dá, Me Empresta, 10h, na Avenida Vieira Souto, em Ipanema.

Gigantes da Lira, 9h, para a criançada. Pracinha da rua General Glicério, em Laranjeiras.

Escravos da Mauá, 12h, no Largo São Francisco da Prainha, Praça Mauá.

Quem num Guenta Bebe Água, 12h, na Rua Gago Coutinho, 37, Laranjeiras.

Meu Amor, Eu Vou Ali, 12h, na Rua das Margaridas, Vila Valqueire.

Bigode Esticado do Méier, 13h, na Rua Dias da Cruz.

Tá Pirando, Pirado, Pirou, 14h, na Avenida Pasteur, em frente a UFRJ. Bloco com pacientes, familiares e profissionais da saúde mental.

Empolga às 9, 14h no Posto 9 da praia de Ipanema.

Larga a Onça, Alfredo!, 17h, na Rua Ipiranga, 49, Laranjeiras. Bloco de Maracatu.

Ai, Que Vergonha, 15h, no calçadão da praia de São Conrado. Com componentes das baterias da Beija-Flor, União da Ilha e Rocinha.

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Os 10 princípios

Eliomar fala no Fórum Estadual em Defesa da Escola Pública


Os 10 princípios do Fórum Estadual em Defesa da Escola Pública, documento lançado hoje durante ato do Fórum do qual participei, engloba todas as questões pertinentes aos profissionais de ensino e ao setor. Reproduzo abaixo…

Os 10 princípios do Fórum em Defesa da Escola Pública

1- Defender a educação pública gratuita, laica, democrática e de qualidade social, em todos os níveis, como um direito social universal e dever do estado.

2 – Exigir do poder público a garantia de acesso e de permanência, assegurando efetiva assistência estudantil (moradia, transporte, meia entrada nos eventos culturais, bolsa de manutenção, etc.).

3 – Defender a organização de um efetivo Sistema Nacional de Educação que articule e garanta o cumprimento das responsabilidades educacionais dos diferentes entes federais.

4 – Defender a aplicação imediata de montante equivalente a, pelo menos, 10% do PIB na educação pública em todos os níveis e que as verbas públicas sejam destinadas somente para as escolas públicas.

5 – Combater todas as formas de mercantilização da educação e a introdução de critérios produtivistas no trabalho dos profissionais de educação e na avaliação das instituições e dos estudantes.

6 – Exigir controle social sobre a educação privada, como concessão do poder público. É função do Estado regulamentar e fiscalizar seu funcionamento, observando a garantia de carreira digna aos seus trabalhadores e a autonomia didático-científica diante de suas mantenedoras.

7 – Articular a luta em prol da qualidade com a defesa da garantia pelo Estado das condições de trabalho dos profissionais da educação, incluindo a valorização salarial e a autonomia didático-cientifíca.

8 – Exigir que a gestão democrática das instituições e sistemas educacionais seja realizada por meio de órgãos colegiados democráticos.

9 – Defender a formação inicial e continuada, pública e gratuita, presencial e de qualidade de todos os trabalhadores em educação, em todos os níveis e modalidades educacionais.

10 – Ampliar o debate com os movimentos sociais e populares e entidades acadêmicas com o objetivo de reconstruir o Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública e fortalecer a luta pela elaboração coletiva e democrática do Plano Nacional de Educação: proposta da sociedade brasileira.

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Inimigo inexistente

Jardim Botânico se defende de inimigo inexistente

por Julio Feferman

“O artigo “O Jardim sob ataque” de Liszt Vieria, presidente do Instituto Jardim Botânico, publicado na seção “Opinião” de O Globo (19 de fevereiro) evidencia a contradição no que tange a posição do instituto em relação a questão fundiária da comunidade do Horto e revela conceituação ambiental equivocada.

Liszt Vieira é ambíguo ao afirmar que está aberto ao diálogo, ao mesmo tempo que contrapõe a comunidade a valores ambientais. Para tal, além do título alarmista – de onde, afinal, viriam os “ataques” ao Jardim? – se utiliza de declaração infeliz de Burle Max que peca pela falta de compreensão do contexto histórico-urbano de ocupação da área e da consequente alteração do bioma local.

É notório que a extensão do Horto foi ocupada (e alterada) desde o século XVI, primeiro por engenhos de cana e depois por fazendas de café, atividades de alto impacto ambiental. Informações históricas encontram-se amplamente documentadas e detalhadas no site do Museu do Horto (www.museudohorto.org.br). Isto significa, naturalmente, que o Horto sempre foi constituído pelo entrelace do semi-urbano com a área limítrofe da Floresta da Tijuca, que o circunda.

Um mapa de uso e cobertura do solo, do Instituto Pereira Passos, designa o arboreto como área de “Floresta Alterada” e o Horto como área “Urbana não consolidada”. Curiosamente, o mapa também designa como área “Urbana não consolidada” um polígono de centenas de edificações na área “formal” do Jardim Botânico, compreendendo desde a Rua Sara Vilela até a Rua Corcovado.

Por sua designação urbana não consolidada e, principalmente, analisando a ocupação histórica por fazendas e suas senzalas, depois moradias, depois institutos e empresas, o ambiente do Horto há séculos não representa área de interesse científico. A mata que ali um dia existiu foi há muito transformada. É fato que a própria Floresta da Tijuca não mais constitui floresta primária, aquela que nunca foi tocada pela ação do homem, embora sofra ameaça constante pela expansão de condomínios e casas de alto padrão.

Liszt Vieria atribui a supostos “talhões florestais” o “grande interesse botânico” na área. Em nome da boa informação, talhões florestais são áreas de floresta implantada, voltada para o suprimento industrial, prática utilizada na indústria de celulose, como exemplo. Não se sabe, portanto, a que se refere Liszt Vieira, mas certamente não haveria qualquer valor botânico nos remanescentes da ocupação que ali se deu através dos séculos, exceto, talvez, pelo plantio direto. Nem por isso, claramente, deve-se descuidar do meio-ambiente. Neste contexto, entretanto, devemos nos integrar a uma conceituação mais contemporânea de ambientalismo, que contempla também o homem e suas necessidades, harmonizando a preservação à ética e consciência social, e não contrapondo um ao outro, como pretende Liszt Vieira. Para deixar bem claro, não mais se trata de uma luta entre o meio-ambiente e o homem, e sim da integração e convívio sustentável dos dois, a que poderíamos qualificar de uma visão sócio-ambiental.

À outra tese sustentada por Liszt Vieira, que diz que a expansão do arboreto é necessária para o plantio de “milhares de espécies ameaçadas”, cabe alguns esclarecimentos para que o público tenha acesso à informação correta. O cultivo de espécies ameaçadas não constitui necessariamente em ação preservacionista. Não se salva uma espécie da extinção cultivando exemplares em local controlado. Seria o mesmo que dizer que estaríamos salvando os tigres de bengala (há muito extintos) ao manter um indivíduo em cativeiro. Populações de plantas e animais são preservados apenas quando mantemos a integridade de seus habitats naturais e o número populacional acima de determinado limite mínimo, proporcionando-lhes a oportunidade de se reproduzirem naturalmente. Há alguns experimentos controlados, como o projeto Tamar de preservação de tartarugas marinhas, que introduzem tartarugas criadas em cativeiro às populações naturais. Mesmo estes projetos são revestidos de muitos cuidados, pois cientistas não têm o domínio de todas as variáveis ecológicas para se reverter um processo de extinção através da introdução de indivíduos no meio-ambiente, sem possíveis efeitos colaterais. Seguro, sim, é a preservação de habitats, implementação de corredores ecológicos e controle do impacto antropocêntrico, entre outras medidas.

Caso o Jardim Botânico tenha a intenção de agir como viveiro para subsequente plantio em áreas como o Cerrado, a Floresta Amazônica ou os reminiscentes da Mata Atlântica, seria mais apropriado implementar a infraestrutura distante da cidade, onde poderá contar com terra suficiente para o cultivo na escala de suas pretensões. De outra forma, me parece uma justificação pífia para o deslocamento de moradores que residem na área do Horto a não menos de 50 anos.

As declarações de Litsz Vieira não contribuem para o esclarecimento das intenções do instituto. Expandir a área de visitação do parque, removendo moradores históricos, cuja posse está resguardada por ampla legislação nacional e internacional, me parece um equívoco. Também não faz sentido a argumentação de que os moradores estariam impedindo o avanço científico. Ora, estufas e outras infraestruturas para a pesquisa científica podem ser instaurados em locais diversos, não sendo necessário deslocar moradores. Talvez o instituto poderia até investir na manutenção de sua infraestrutura existente e na melhoria das condições de pesquisa.

Quanto ao seu posicionamento de “dialogador”, Liszt Vieira poderia se mostrar mais aberto ao diálogo e mais receptivo à proposta da SPU/UFRJ, que representa uma ampla oportunidade de política sócio-ambiental de vanguarda e que certamente servirá como exemplo de conciliação social e preservação ambiental para o Brasil e para o mundo. Esperamos caminhar sempre na direção de uma sociedade esclarecida e igualitária. Liszt Vieira deveria reconhecer esta oportunidade histórica, baixar suas armas e realmente se abrir a uma conversa transparente e sincera.”

Julio Feferman
Biólogo

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Vamos todos!

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